segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Um pouco de Deus...


Nós  brasileiros somos, em grande maioria, ligados ao cristianismo e, antes que voce diga "mas eu sou ateu!", lembre da quantidade de vezes que já exclamou, na hora do aperto, "meu Deus do ceu"...rsrsrsrs...pois é, querendo ou não, somos culturalmente inseridos no mundo cristão.

Comigo não foi diferente, cresci num lar "crente" , como o povo fala por aí, desde pequena frequentei a igreja adventista e aprendi coisas lindas nela. Me tornei a pessoa que sou, graças aos ensinos e o amor a um Cristo que me cativou e conquistou o coração.

Além disso,  sempre tive a sorte de estar cercada de pessoas extremamente inteligentes e essas pessoas  são  as que mais tem dúvidas ! Curioso  não!? Mas é assim, quem gosta de aprender sempre tem um "será ?" na ponta da  língua . Isso é ótimo, acho lindo quem aponta o dedo e pergunta : hey, mas se não for beeem assim!?

Por este motivo nunca gostei dos discursos pastorais que desestimulam o pensamento crítico . Vi isso poucas vezes no adventismo, mas sei que é bem presente em muitas  denominações . Sempre quis saber o por quê das coisas. Teimei com pastores, questionei professores de história, ciência , li muita coisa boa e muita porcaria também. No fim das contas, cheguei à conclusão. Nao existe resposta!

Não, de fato não existe. Nem a mente mais brilhante e pragmática deste planeta consegue ter certezas sobre nossa existência. Tudo não passa de teoria. Algumas muito bem fundamentadas, outras nem tanto.

Por fim, escolhi acreditar em algo! Eu sei, pode parecer uma  expressão   romântica de fé crer num ideal de ser perfeito em amor, que é no que creio. Mas, caramba, eu tinha que acreditar naquilo que realmente me soou plausível, naquilo que me pareceu mais  palpável . Agora, se  você  for dos meus vai indagar: mas desde quando Deus é palpável? E eu vou ser honesta em minha resposta, Ele não é. Ao menos  não  hoje, não  agora...

Entretanto, se observarmos, existe algo movendo esse mundo, desde os tempos mais remotos, algo que desperta o coração e faz todos os povos, de todas as épocas ,buscarem um deus. Vivo ou não. Essa busca incansável é uma prova da consciência que possuímos de nossa finitude e fragilidade. E este deus tao buscado e clamado, pode existir ou não. Porém , eu acredito piamente ter encontrado o meu.

Como mencionei no comeco deste texto meio perdido, cresci num lar cristão, adventista e por muito tempo busquei asilo nos braços de uma igreja que me acalma e traz paz ao coração. Acredito nos ensinos de eternidade da palavra de Deus, que esta igreja amorosamente prega e sou infinitamente agradecida por isso.

Ocorre que, recentemente, tive a surpresa (que foi um presente para mim) de conhecer uma igreja tão diferente mas que, neste instante da minha vida, me deu o que eu precisava. Um lugar para chorar com toda a força  do mundo. Sem ninguém apontando ou estranhando.

Eu entrei, sentei, ouvi as musicas, ninguém questionou a roupa que eu estava vestindo, se eram apropriadas ou não, se era uma calça  surrada ou uma saia de corte perfeito, se estava de salto ou com meu pior tenis e tampouco se eu era apropriada para a  presença  do Eterno. Apenas me deixaram a sós , no meio de uma  multidão , com alguém que realmente me enxerga. 

Alguém que me viu na terceira fileira da ala da direita naquela noite, que me viu cruzar o portao 3 e entrar num avião com um monte de tristezas na mala, rumo ao cenário das  páginas  dos meus livros, alguém que viu minha alma destroçada  e meus olhos inchados e camuflados com maquiagem. Entao eu desabei e falei com Ele: " hey, você pode fazer algo com essa dor? Você pode aliviar este peso enorme dos meus ombros? Pode, por favor, me dizer o que fazer? Eu sinceramente não sei." Depois disso, infelizmente,  eu não voltei pra casa com tudo resolvido. Não. Mas voltei com a alma de joelhos, entregue!  O que já é um bom passo.

Talvez você de fato não compreenda e me julgue ingênua, alienada ou qualquer dessas coisas. Mas, como posso não atender a um chamado tão profundo e antigo, que já falou no  coração  de tantas gerações ? Como não aceitar este pedido de entrega genuína e de total confiança em algo maior. Não seria o caso de ser um pouco flexível e acreditar que, talvez, (apenas considere este talvez) o Deus pintado nas  páginas  de um livro de fato exista e esteja chamando?   Tudo o que consegui, em meio as lágrimas, foi balbuciar " ok, estou aqui. E agora?"

Eu nao sei como vai ser meu amanha e acredite, isso me assuta um bocado, mas para explicar direitnho o que estou sentindo ao escrever estas linhas, sentada numa cama estranha, num quarto estranho, cuja unica familiaridade é meu velho pijama xadres, vou parafrasear Victor Hugo : "sou como um passáro que pousa sobre um galho frágil de árvore e, ao senti-lo  ceder e partir, canta em paz. Ele sabe que tem asas".

Obrigada!




Um comentário:

  1. Já vi e me emocionei com outros textos seus e gostei de todos, mais esse... Quanta verdade, quanta honestidade, quanto sentimento, enfim, parabéns mesmo!

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E aí!? Gostou do que leu?????